Eda - Ed Celente
Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Ed, Natanael e Carlos, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
Ed Celente ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.
Eda
Ed Celente
Há milhares de anos, tantos que é fisicamente impossível
pronunciar a quantidade, o universo era dominado por duas diferentes forças. De
um lado, Iku: a morte e a devastação; do outro lado, Aye: a vida e a
conservação.
Por muitos anos, Aye ficou apaixonado por Iku e lhe
enviava diversos presentes, os quais Iku sempre guardava com carinho pelo resto
da eternidade.
Entretanto, Iku era ganancioso e queria sempre mais do
que tinha. Ele queria reinar sobre tudo, sem dividir nada com Aye. Este, por
sua vez, triste e contra a sua vontade, declarou guerra contra Iku.
Os dois, então, reuniram-se com Agbara Majeure, a força
maior de tudo que já foi criado, e declararam a vontade de guerrear. Agbara,
por sua vez, era o ser de maior inteligência em todo o universo e enviou os
dois para a Aiye — que hoje conhecemos por Terra —, um lugar que não era
habitado por ninguém mais que uma única galinha que passava dias e noites
ciscando, criando caminhos por entre as gramas. Agbara fez as saudações
cordiais da guerra e destinou o primeiro golpe para Aye, que foi quem havia
declarado a guerra.
Aye preparou-se para o primeiro golpe e, atingindo Iku
fortemente contra o peito, criou as cachoeiras e Omi, a força responsável por
elas. Agbara ordenou que Iku rebatesse o golpe e, atingindo Aye nos pés, criou
a lama e os lodos e, também, Muck, a força responsável pelos lamaçais.
Em um segundo golpe, Aye atingiu Iku na região genital,
criando os homens, as mulheres e as crianças e, junto, Baba, o pai de todos os
seres vivos.
Iku, enfurecido com a prosperidade de tudo, atingiu Aye
na cabeça, espalhando a doença e o caos e, pra reger isso, criou Arun.
Aye, com
esperança, atingiu Iku no estômago, criando a fauna e a flora e, junto, Egeko,
a força das caçadas e das colheitas.
Iku, muito
esperto, atingiu as mãos de Aye, criando armas, sofrimento, guerras e
devastação e, para governar isso, criou Ija, o combatente. Aye, então, desferiu
um golpe contra os joelhos de Iku, fazendo tremer tudo que fosse alcançável.
Pedras emergiram do chão, criando faíscas e fogo e gerando calor para que a
vida fosse possível. Junto, criou Ayo, a alegria.
Entretanto, Iku era astuto e criou uma companhia para Ayo
e, atingindo os cotovelos de Aye, ordenou que Afefe sempre apagasse o fogo que
Ayo acendesse.
Aye, já ficando
cansado, atingiu os braços de Iku e criou vida nos mares e oceanos e, para
dominá-los, criou Okun e tornou os animais marinhos alimento para os humanos.
Iku, em um último
golpe antes de se esgotar, atingiu Aye nas canelas e criou as barragens,
impedindo que os animais marinhos chegassem aos humanos e denominou Ona para
ser responsável por esse caminho.
Agbara, vendo a
exaustão dos dois guerreiros, bateu o cajado no chão e arrancou uma orelha de
cada um dos combatentes, criando Eti, a força responsável por toda as outras.
E, assim, a paz reinou com cinco forças distintas para
cada elemento da natureza.
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