A Maldição do Draugr - C. B. Kaihatsu



Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Natanael e Carlos, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
C. B. Kaihatsu ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.



A Maldição do Draugr

 C. B. Kaihatsu



Forseti foi um cruel guerreiro batizado com o nome do deus da vingança. Ele era impiedoso no campo de batalha, torturava e matava com requintes de crueldade. A única coisa pela qual tinha apreço era a riqueza que acumulava tomando para si o ouro dos mortos.
Mas, como todas vidas que ceifou, também chegou o dia em que ele tombou aos pés de seu inimigo. Não foi surpresa para os presentes em sua cerimônia fúnebre quando seu cadáver acomodou-se sentando no ataúde. Todos sabiam o que esperava aquele homem perverso no pós-morte, ele se tornaria um Draugr.
Forseti blasfemou contra Odin e todos os deuses quando despertou para sua meia-vida, após uma vida intensa e libertina. Imaginou que seria conduzido para a entrada de Valhalla pelas valquírias, uma vez que fora morto em combate, mas esqueceu por completo de que era mais um mercenário que guerreiro e que não fora virtuoso em vida, está fadado a viver pela eternidade em sua sepultura com seu tesouro maldito.
O Draugr era ainda mais atroz como morto-vivo, todos que ousavam saquear sua tumba eram aniquilados. Ele divertia-se entre esmagá-los, devorar suas carnes e beber seu sangue, Forseti gostava especialmente de degustar o sangue como se fosse um raro vinho.
A alma daqueles que o Draugr assassinava tornavam-se posse dele, logo Forseti formou uma horda de Draugar.
A princípio, ele apenas combatia os que tentavam violar seu sepulcro, mas com o passar do tempo passou a perseguir, juntamente com seu exército de Draugar, seus desafetos em vida, já que um Draugr possui a capacidade de deixar sua sepultura ao assumir a forma de uma nuvem de fumaça.
O povoado assolado por Forseti clamava a Odin por um herói que os salvasse e encerrasse o domínio de terror do Draugr.
Comovido com o sofrimento daqueles humanos, o senhor de todos os deuses, Odin, resolveu interceder e com grande apoio do deus da vingança Forseti, que sentiu-se extremamente desonrado pelo Draugr que compartilhava seu prenome. Os deuses fizeram com que os caminhos do jovem Beowulf cruzassem com os do Draugr.
Beowulf foi tomado de horror ao ver criaturas translúcidas tomarem uma forma cadavérica e quase humana, o aspecto era repugnante, com exceção de Forseti que era musculoso, os outros eram só pele e osso. A pele de todos eles parecia estar necrosada, em vez de globos oculares, o que havia eram buracos iluminados por uma luz azul intensa e o corpo de Forseti estava em volto em chamas azuladas.
Os Draugar partiram em direção de Beowulf, mas caíram um a um, o herói decapitou todos eles. Mas Forseti não seria um adversário tão fácil, Beowulf sabia que só teria chance de derrotá-lo se pudesse levá-lo de volta ao túmulo.
E como estava predestinado, o Draugr sucumbiu em seu sepulcro, assim como havia feito com os Draugar, Beowulf também cortou a cabeça de Forseti.
O herói queimou os corpos de todas aquelas criaturas nefastas e jogou suas cinzas ao mar para garantir que nunca mais retornariam.
A paz foi restaurada e essa seria só a primeira das aventuras pelas quais Beowulf seria lembrado.



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