A Caça - Meg Mendes


Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Natanael e Carlos, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
Meg ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.



A Caça

Meg Mendes


Ao abrir os olhos naquela noite, sentiu a garganta queimar. Tinha ido dormir com sede esperava não repetir os erros da noite anterior.
Levantou-se de seu repouso e saiu da câmara fortemente reforçada. Andou pelo corredor de forma altiva mesmo não havendo ninguém ali para contemplá-lo. Vestiu sua melhor roupa e arrumou os fatos cabelos. Não usou o espelho, pois sabia que era inútil.
Saiu da casa antiga para as ruas agitadas de paralelepípedos. Andava atento quando ela passou.
O cheiro que veio dela era inebriante e ele inspirou fundo, os olhos e narinas se dilatando para o perfume. Não se tratava do líquido dotado de odores se prendia a pele dela. Ah não! Era o sangue.
Ele a seguiu, perseguindo aquele doce aroma. A sede aprimorava seus sentidos e a cada passo ela aumentava mais e mais. Precisava saciá-la logo.
Sentiu as presas se alongando para a possibilidade, porém manteve os passos numa velocidade reduzida, não podia chamar atenção.
A moça se afastou da parte movimentada e ele se alegrou quando a viu dobrar uma esquina para uma rua escura e deserta. Aumentou a velocidade, queria chegar até sua presa.
Ele se aproximou com displicência sem perceber que do outro lado o caçador o seguia. Sua sede era tamanha que os sentidos estavam focados apenas na mulher a apenas alguns passos dele.
E quando estava para atacá-la, o vampiro ouviu. O caçador, seu velho conhecido, era membro de um grupo que se dedicava ao extermínio de seres como ele. Não se tratava de um humano comum, possuía velocidade e força maiores e a habilidade nata de matar.
Já havia entrado em combate com aquele homem e sabia que não era uma tarefa fácil. Decidiu se preservar, pois a sede o deixava fraco. Rapidamente se esgueirou para as sombras e foi se afastando.
O caçador o perdeu de vista, mas sabia que ele retomaria a tentativa de caça. Decidiu seguir a moça para mantê-la em segurança.
Em todas suas centenas de anos, o vampiro nunca sentira tanta frustração. Caminhava agora de forma furtiva e urgente. Então sentiu o aroma novamente e foi atrás, mas a cada esquina que virava, eis que o caçador espreitava.
Isso durou por cerca de vinte minutos até a refeição entrar em um prédio e ficar inacessível ao vampiro. Ele ponderou se deveria procurar por outra presa e mais uma vez se deparou com o caçador.
O vampiro era a caça naquele momento.
Dentro dele havia o dilema, caçar e virar caça ou dormir por mais um dia com sede. A resposta foi óbvia, aquela noite um humano sobreviveria para que ele pudesse permanecer vivo por mais uma centena de anos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Morte Te Escolheu - Meg Mendes

Natanael Otávio

O Clube dos Cinco