Transformação - C. B. Kaihatsu


Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Natanael e Carlos, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
C. B. Kaihatsu ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.



Transformação

 C. B. Kaihatsu


Agnes abriu os olhos com dificuldade, seu corpo estava todo dolorido. Ela não conseguia se lembrar o motivo de estar ali naquele lugar ermo, seus pensamentos estavam confusos e sua respiração ofegante.
Aos poucos sua respiração se normalizou, as dores cessaram, na verdade, ela sentiu-se mais forte, mais viva e também estava lembrando-se do que havia lhe ocorrido.
Mas nada fazia sentido. Estaria sua mente lhe pregando uma peça? A última coisa da qual se lembrava era de um homem de força descomunal cravando os dentes pontiagudos em seu pescoço. Ela tentou gritar, mas a voz não emitiu som algum. Agnes levou a mão ao pescoço e sentiu duas marcas que se destacavam em sua pele, o local onde aquele homem demoníaco havia cravado os dentes.
Chamou um uber, queria sair o mais rápido possível de lá. Durante o trajeto até sua casa, uma coisa a alarmou, ela não conseguiu ver seu reflexo no espelho retrovisor interno do carro, fato também que não passou despercebido pelo motorista. O homem ficou completamente tenso, o suor escorria de suas têmporas. Ao chegarem no local de destino, o motorista ficou aliviado quando Agnes desceu do carro, saiu a toda velocidade.
Agnes apenas deixou-se cair no sofá, de tão exausta, dormiu lá mesmo. Pelo menos o sono fora tranquilo.
No dia seguinte, Agnes acordou com a luz do sol queimando sua pele, era uma dor lancinante. Fechou as cortinas da sala. Decidiu tomar um banho para relaxar. Lembrou-se do sonho esquisito da noite anterior, porém ao levar a mão ao pescoço durante o banho sentiu as duas marcas dos dentes do homem que a atacara. Foi tomada pelo pânico. Então não havia sido um sonho, fora real.
Foi olhar-se no espelho do banheiro e assim como no uber, sua imagem não foi refletida no espelho. Um grito de pavor ecoou pela casa inteira.
A mulher havia acabado de acordar, mas sentiu-se sonolenta e voltou a dormir, deixou o quarto em um breu completo, sentia-se melhor na total escuridão.
Agnes acordou por volta de dez da noite. A mulher estava faminta. Pegou uma maçã na fruteira, contudo, a fruta não a saciou. Abriu a geladeira e sentiu o cheiro de sangue na crua, o que lhe abriu ainda mais o apetite. Estranhamente, ela sentiu vontade de beber sangue humano.
Ela sabia em que havia se transformado. Uma vampira. Agnes costumava imaginar que vampiros eram só seres imaginários presentes em filmes hollywoodianos. Sabia que o próximo passo seria sair para “caçar”.
Por ironia do destino, ela avistou um homem que caminhava sozinho na mesma rua em que fora atacada. Em um primeiro momento, ele ficou extasiado com a beleza da mulher extremamente pálida que surgiu na sua frente. A mulher era dotada de uma beleza que poderia ser descrita como etérea. O momento de entorpecimento foi breve, o homem foi tomado pelo horror quando a mulher cravou os dentes em seu pescoço. Enquanto sugava o sangue do homem, Agnes sentia-se revigorada, e um prazer lascivo em fazê-lo.
Ela deixou o homem desacordado no chão e sumiu nas trevas, já pensando na caçada da noite seguinte.
***
Benjamim, acordou, um tanto quanto atordoado, abriu os olhos com dificuldade, seu corpo estava todo dolorido. Ele não conseguia se lembrar o motivo de estar ali naquele lugar ermo, seus pensamentos estavam confusos e sua respiração ofegante.



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