Thriller - Meg Mendes
Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Natanael e Carlos, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
Meg ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.
Thriller
Meg Mendes
It's
close to midnight
something evil's lurkin' in the dark
Under the moonlight
You see a sight that almost stops your
heart
You try to scream
But terror takes the sound before you
make it
You start to freeze
As horror looks you right between the
eyes
You're paralyzed
'Cause this is thriller
Thriller night
Thriller - Michael Jackson
Era
meia noite. O sino da igreja badalava tão alto que era possível ouvi-lo de
todos os pontos da pequena cidade. Enquanto muitos dormiam tranquilos, alguns
despertavam do que deveria ser o sono eterno.
No
centro do pequeno cemitério há muito esquecido, raios iluminavam as covas
abertas. Várias sepulturas com terra remexida, como se o próprio demônio
tivesse arrancado os corpos apodrecidos que ali repousavam.
Poucos
estavam acordados àquela hora tão mórbida. Alguns embriagavam-se nos bares que
atendiam pela madrugada. Outros caminhavam pelas ruas mal iluminadas. O certo
era que ninguém sabia o que havia acontecido nas covas do velho terreno que
servia de lar para os mais antigos daquela cidade.
Um
jovem casal caminhava despreocupado pela rua. Era costume dos jovens ficar até
mais tarde pelos cantos mais escuros afim de namorar sem os olhares de
reprovação. A jovem sentia frio, pois naquela noite, o vento açoitava feroz
todos que ousavam ficar do lado de fora.
— David
— disse a moça. — Tem um homem ali.
Eles
estavam chegando perto da casa do rapaz, e puderam perceber que alguém estava
parado na entrada olhando fixamente.
— Quem
será aquele cara? — perguntou o jovem soltando-se de sua namorada e apressando
o passo.
As
poucas luzes na rua piscavam forte. Trovões cortavam o céu, e a bela jovem
temia que algo ruim estivesse para acontecer.
— Eiiii,
cara — gritou o rapaz se aproximando. — O que pensa que está fazen…
A
frase morreu no ar no momento em que o estranho se virou e David percebeu
tratar-se de seu falecido pai.
Ele
ficou sem reação. Fazia mais de dez anos que seu pai estava morto. Como era possível estar diante dele naquele
momento?
— Eu
voltei David — disse com voz rouca a criatura empalidecida.
O
jovem correu para longe puxando sua namorada pelos braços enquanto o corpo
apodrecido de seu pai trançava as pernas em passos lentos pela rua atrás deles.
— Que
merda foi aquela!? — A jovem gritava enquanto corriam.
— Eu
não sei droga, continue correndo.
Eles
pararam de súbito ao perceber que nas ruas diversas criaturas semimortas
vagavam lentamente. Perceberam que todos vinham da direção do velho cemitério
abandonado.
— O
que está acontecendo aqui? — Ambos questionaram juntos.
— Hahahaha
— uma risada mórbida ecoou pelas ruas vindas detrás dos mortos. — Caminhem meus
filhos. Eu vos acordei para que tragam o terror nessa noite!
Um
homem alto de pele escura caminhava lentamente com os braços erguidos ordenando
que os mortos vivos caminhassem espalhando o medo. Uma névoa muito densa se
espalhava pela rua, e o cheiro de podridão exalada pelos corpos decompostos que
se arrastavam entorpecia a todos.
O
caos foi inevitável. Muitos corriam, mas para qualquer direção que se
encaminhavam, havia sempre um semimorto esperando.
— Isso
minhas criaturas infernais — regozijava-se o homem. — Dancem com os vivos. Eles
esqueceram-se de vocês por muitos anos, mas agora é o momento de sua vingança.
Tragam o terror para eles. Eles não poderão se esconder nessa noite.
Os
mortos agarravam as pessoas que estavam pelas ruas. Muitas outras corriam para
fora de seus lares com todo o barulho provocado e se assustavam com as cenas
que viam.
Corpos
eram mutilados e o sangue lavava as ruas. David e sua namorada que tentavam a
todo custo escapar daquela cena horrenda, foram pegos pelo pai do rapaz e
tiveram seus corpos devastados pelas criaturas vindas das sombras.
Em
poucas horas, o silêncio encobria toda a cidade. Tudo que caminhava pelas ruas,
antes eram apenas corpos sem vida. Os que morreram naquele momento,
levantavam-se novamente entorpecidos pelo chamado do misterioso homem que
liderava o grupo de mortos vivos.
— Vamos
meus filhos — ele dizia — Ainda temos muitos lugares para espalhar nosso
terror.
Saíram
arrastando-se pela cidade todos os cadáveres, seguindo seu mentor que com
passos leves, caminhava como se dançasse ao som do silêncio atroz daquela noite
de horror com suas criaturas.
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