O Jogo da Vida - C. B. Kaihatsu
Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Natanael e Carlos, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
C. B. Kaihatsu ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.
O Jogo da Vida
C. B. Kaihatsu
Era
verão de 1986, Ben estava sentindo-se extremamente solitário e entediado, todos
os seus amigos viajaram nas férias e seus pais, sobrecarregados pelo trabalho,
ficavam o dia inteiro fora. Para compensar a ausência, o pai comprou um novo
jogo de vídeo game para Ben. Era um jogo de RPG do Famicon[1].
A
princípio, o garoto não se interessou pelo presente, a capa assemelhava-se a de
Hydlide[2], mas não era um jogo da
T&E Soft[3],
Ben nunca tinha visto um daquela marca. Cansado de fazer nada, ele resolveu dar
uma chance ao novo jogo.
Logo
após Ben colocar a fita no console uma música iniciou, era Requiem do Mozart,
mas ele não sabia. A figura de um demônio surgiu na tela, o garoto clicou em start, em seguida apareceu uma tela com
campos em branco, onde ele deveria colocar seu nome e data de nascimento, Ben
sempre achava esse tipo de coisa tola, mas preencheu tudo corretamente.
Seu
personagem era um cavaleiro medieval que tinha como objetivo derrotar o demônio
da abertura para libertar a alma de todos do reino. Ben passou a tarde inteira
jogando, à medida que avançava no jogo o seu interesse por ele aumentava. Naquele
dia, ele não parou nem para jantar e só foi dormir porque o pai ameaçou colocá-lo
de castigo, deixando-o sem vídeo game por uma semana.
Ben
esperou até os pais dormirem para ir à sala, precisava terminar aquele jogo que
o deixava mesmerizado. Eram três horas da manhã quando chegou ao último nível, o
demônio apareceu mais uma vez na tela e com a seguinte mensagem: “É a hora do
demônio, Ben”.
O
garoto ficou impressionado com a interatividade do jogo, notou que os cenários
do último nível pareciam com vários locais de sua cidade, tais como: sua
escola, a praça no fim da rua e sua casa.
O
fascínio transformou-se em pavor, o menino não pensava ser possível o jogo
recriar com exatidão sua cidade, uma vez que ele havia informado apenas seu
nome e data de nascimento.
Embora
estivesse com medo de continuar, ele sentia que não podia parar. O desafio
final era na sala de sua casa e o chefão daquela fase o demônio da abertura. Na
tela, surgiu a pergunta: “Deseja continuar, Ben? Se desistir levarei apenas a
sua alma, se ganhar salvará a todos e a si mesmo, mas se perder levarei comigo
a alma de todos”, seguida de uma risada diabólica.
Havia
duas opções “sim” e “não”, Ben escolheu o “sim”. Esse foi o duelo mais difícil
de todos, dessa vez estava realmente lutando por sua vida. Ele nem teve chance,
foi aniquilado pelo demônio. Enquanto Requiem tocava mais uma vez, Ben sentia
sua vida se esvaindo lentamente.
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