Chafariz - C. B. Kaihatsu


Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Naiane e Natasja, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
C. B. Kaihatsu ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.



Chafariz

 C. B. Kaihatsu


*Lenda criada para o Clube dos Cinco
Todos dizem que nos primeiros anos após a emancipação da cidade, uma criança morreu no local que hoje se localiza o chafariz da praça da matriz. Dia após dia, a mãe da criança ia onde seu filho morrera para chorar sua perda.
Eis que um dia a sofrida mãe não apareceu em seu posto, os transeuntes deram por falta dela depois de três dias de ausência, ninguém sabia seu nome ou onde morava, a mulher havia desaparecido.
Com o passar dos anos, Paulínia foi crescendo e prosperando, mas a trágica história da mãe que perdeu o filho foi passada de geração para geração, ganhando novos contornos cada vez que a história era contada. A lenda ficou conhecida como “O Fantasma do Chafariz”.
Há pessoas que juram que todos os dias, exatamente às 3h33, o chafariz fica envolto em chamas púrpuras e que do interior dele surge o fantasma de uma mulher em busca de seu filho perdido. Sendo possível ouvir o seu lamento, a melodia mais triste que já existiu. Reza a lenda que se ela vir alguma criança, ela a leva consigo e a criança nunca mais é vista.
Outros dizem que é apenas uma história para assustar crianças e para que os adolescentes não fiquem até tarde na rua. Embora muitos digam não acreditar, a maioria dos moradores evita estar próxima ao chafariz nesse horário.
Certo dia, desafiado pelos amigos a provar que O Fantasma do Chafariz realmente existia, Vinícius afirmou que iria até a praça de madrugada e gravaria um vídeo para provar.
Vinícius certificou-se de que os pais e o irmão mais novo estavam dormindo. Quando foi até o quintal pegar sua bicicleta quase fora delatado por seu cachorro Bóris, contudo, sua família não acordou com os latidos.
O garoto chegou à praça uns 10 minutos antes de 3h33, enquanto esperava jogou um joguinho em seu celular.
O despertador do celular tocou e Vinícius colocou na câmera. Nada aconteceu. Cético, ele pensou em dar meia volta e ir para casa, quando de repente o chafariz ficou envolto pelas chamas púrpuras como dizia a lenda. O garoto ficou paralisado.
Era tudo real. O fantasma de uma mulher emergiu das chamas e Vinícius pôde ouvir um choro que nem parecia humano, a mulher entoava uma sinistra canção de ninar.
A melodia deixou o menino em uma espécie de transe, como se estivesse hipnotizado, ele pulou dentro do chafariz para seguir a misteriosa mulher, ela o abraçou e eles desapareceram como se fosse mágica.
No dia seguinte, encontraram um celular na praça, era de Vinícius. Nele havia um vídeo que mostrava o chafariz e ao fundo, ouvia-se uma canção ininteligível. Ninguém soube mais coisa alguma do menino que queria provar que a lenda do fantasma do chafariz era verdadeira. Uns disseram que ela havia fugido, outros que fora sequestrado, mas a verdade é que o chafariz se tornara sua morada eterna, sua alma estava presa naquela fonte, junto com os outros filhos que a mãe fantasma “adotara”.

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