O Sapo Feiticeiro - C. B. Kaihatsu
Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Naiane e Natasja, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
C. B. Kaihatsu ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.
O Sapo Feiticeiro
C. B. Kaihatsu
*Inspirado
no conto “O Príncipe Sapo”.
Em
um longínquo reino germânico, um rei viúvo fazia todas as vontades de suas três
filhas para compensar a morte da mãe das garotas. A mais nova era a mais mimada
de todas.
O
rei e suas filhas eram demasiado arrogantes e descorteses para com os criados.
Astrid,
a menina mais nova, era aficionada por joias e, certo dia, tanto fez que ganhou
uma pequena bola dourada cravejada de rubis do pai. A jovem levava o objeto
consigo em todos os lugares que ia para exibir a todos sua riqueza.
Era
verão e o calor estava insuportável, Astrid sentou-se as margens de um lago
para banhar seus pés, e por um descuido acabou derrubando sua preciosa joia
dentro do rio.
A
jovem princesa, inconsolável, pôs-se a chorar. Um pranto tão sofrido que faria
qualquer um que presenciasse a cena apiedar-se dela, apesar de seu temperamento
difícil.
Ela
sobressaltou-se ao ouvir um coaxar seguido de uma voz esganiçada
—
Por que choras, linda princesa?
Ela
olhou com repulsa para o sapo, mas respondeu choramingando.
—
A minha joia mais preciosa caiu dentro do lago.
—
Eu posso mergulhar e pegá-la para você. Mas tenho uma condição.
—
Tudo o que quiseres.
—
Se eu lhe trouxer a joia, tu deverá desposar-me.
—
Aceito.
O
sapo saltou para dentro do lago e emergiu alguns minutos depois, triunfante,
com e pequena bola dourada em sua boca.
Astrid,
mais do que depressa, pegou seu objeto de adoração e deu as costas ao sapo.
—
Tínhamos um acordo. Leve-me até seu castelo.
—
Tolo! Achas mesmo que me casaria com alguém de aparência tão horrenda quanto a
tua?
No
dia seguinte, o sapo foi até o castelo a fim de ter um conferência com o rei, o
monarca por sua vez, tal qual sua caçula, desdenhou do sapo.
Com
um olhar colérico o anfíbio praguejou e jurou que o rei e sua filha se
arrependeriam de tê-lo feito de tolo.
Na
mesma noite, o sapo retornou ao castelo, o rei e suas filhas saboreavam um
suntuoso banquete. Ao perceberem a presença do sapo, os quatro riram-se e
fizeram-lhe pilhérias.
De
súbito, como em um passe de mágica, o anfíbio transformou-se em um belo homem.
Todos
ficaram atônitos, Astrid pediu-lhe perdão e disse que estava disposta a
casar-se com ele, ela nunca havia visto um príncipe tão bonito.
—
Agora é tarde! Eu não sou príncipe. Sou Klaus, o feiticeiro do pântano. Eu me
transformo em um sapo pavoroso para testar as virtudes dos humanos e vocês
reprovaram.
Klaus
transformou o rei e suas filhas em sapos. Ordenou que os criados os
cozinhassem. O feiticeiro desfrutou o resto da noite de sua iguaria predileta:
guisado de sapo.
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