Na Lua Cheia - Meg Mendes


Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Naiane e Natasja, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
Meg Mendes ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.



Na Lua Cheia

Meg Mendes



Após a morte dos pais, Melina se viu sozinha com suas duas irmãs mais novas. Ela ainda não tinha chegado à idade adulta, porém já era a responsável da casa. A irmã do meio, Molly tinha nascido com problemas nas pernas e não podia andar. Liz era a mais nova de todas. Apesar da pouca idade, dividia as tarefas da casa com sua irmã mais velha. Ajudava a cuidar de Molly. 
Por não poder andar, a irmã passava a maior parte do tempo sentada em frente a cabana onde moravam a observar a floresta. Raramente era vista pelas pessoas do vilarejo. 
Melina era dotada de uma grande beleza. As pessoas da comunidade onde as irmãs moravam tinham medo da moça. As camponesas acreditavam que ela deveria ser algum tipo de seguidora da magia. Muitos homens mexiam com ela, apesar de tudo, ela sempre se mantinha firme em suas tarefas de cuidar das irmãs.
Numa noite de lua cheia, Melina estava voltando pelas trilhas da floresta levando consigo algumas ervas para chá e temperos. Percebeu um pequeno movimento vindo de uma clareira próxima. Haviam alguns caçadores bêbados conversando entre si. Quando notaram a presença da jovem, um deles levantou-se e a segurou pelos braços quando ela tentou correr.
— Onde vai com tanta pressa? — perguntou.
— Me solte, está me machucando — Melina tentava se soltar.
Os homens olhavam para ela com desejo. Perguntavam para ela onde estariam seus poderes mágicos que todos alegavam que ela teria. Por que não se protegia? Ela estava assustada.
Os gritos chegaram até a cabana das meninas. Sabiam que algo não estava bem com a irmã.
— É a Melina. — Liz estava preocupada. — O que faremos?
— Não se preocupe, a lua dará um jeito em tudo. — Molly respondeu taciturna observando o brilho claro pela janela. 
A irmã do meio apareceu em pé no fundo da clareira com os braços levantados na direção da grande lua cheia. Seus olhos brilhavam. Os homens assustaram-se com a presença dela naquele momento. Melina não conseguia acreditar no que via. Sua irmã estava em pé, entoando palavras desconhecidas. Ela teve a impressão de que Molly estava levitando sobre o chão.
Os caçadores saíram rastejando para longe pela trilha. Imploravam pela vida e por socorro. Gritavam que as bruxas estavam na clareira.
Todos na pequena cidade ficaram assustados com o relato dos homens, aquele era um lugar pacato e assim precisava se manter. Revoltados com o que aconteceu a noite no bosque, juntaram-se com tochas e partiram na direção da cabana. 
Melina viu a aproximação das pessoas da frente de sua cabana e correu para junto de suas irmãs. Molly sentada na cama, lhe assegurou que tudo ficaria bem. Não havia motivos para medo. Fechando os olhos, recitou palavras desconhecidas de Melina e Liz. 
Logo que a multidão chegou, encontraram a cabana vazia. Nenhuma das meninas foi vista pelas pessoas. Tentaram a todo custo atear fogo na casa, mas a proteção que Molly havia criado, impediu que a construção queimasse. 
Da floresta, encobertas pela luz que emanava da irmã, Melina e Liz observavam os camponeses deixando o local com medo. Eles não conseguiam ver as moças por conta da magia de Molly, e tampouco queimar sua morada. Ficou claro para todos naquele dia, que ela retirava sua força mágica nas noites de Lua cheia. 



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