O Quadro da Eternidade - C. B. Kaihatsu
Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Naiane e Natasja, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
C. B. Kaihatsu ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.
O Quadro da Eternidade
C. B. Kaihatsu
Em
algum lugar do leste europeu, século XV
Catalina
vivia em um pequeno vilarejo, era a mais velha de quatro irmãos, seus pais
sempre os advertiam sobre não falar com estranhos, não se afastarem muito da
vila e voltarem para casa antes do anoitecer. As crianças, muito obedientes, e
um tanto quanto amedrontadas com as histórias que os mais velhos contavam sobre
monstros e terríveis perigos que se escondiam na floresta, sempre obedeciam
essas três regras.
Na
primavera em que Catalina completou 12 anos, o dia virou noite, alguns disseram
que poderia ser um sinal de prosperidade, outros que significava um mau
presságio.
No
dia seguinte, deram por falta de Adrian, um menino de 6 anos. Fizeram uma busca
incessante por toda a vila e floresta, mas nada encontraram. Era como se a
criança tivesse sumido como se fosse mágica.
Dia
após dia, as crianças continuaram a sumir, uma por dia, dez crianças já haviam
sumido desde o estranho fenômeno. Os pais de Catalina ficaram ainda mais
rígidos quanto as regras, contudo, todos tinham um trabalho a fazer e não
conseguiam vigiar as crianças o tempo todo.
Naquela
tarde, Catalina avistou um gato rajado, nunca tinha visto um tão bonito e
elegante como aquele. Ele tinha hipnotizantes olhos cor de mel. Apesar de todas
as recomendações que recebera, depois que as crianças da vila começaram a
desaparecer, para não sair sozinha, a menina seguiu o felino floresta adentro.
Depois
de caminhar por alguns minutos, deparou-se com uma pequena casa de pedra, a
porta da frente era de ferro, adornada com um chamador em forma de leão.
Enquanto se distraiu observando a casa, o gato sumiu de sua vista. A menina
puxou a argola da boca do leão, mas antes que pudesse bater, ouviu seu nome ser
chamado.
Era
como se tivesse saído de um transe. Não entendeu como fora parar lá, correu em
direção as vozes. Eram seus pais, e alguns aldeães que estavam à sua procura.
Diante do ocorrido, seus pais a proibiram de sair.
Amanheceu
e junto com o novo dia veio a notícia que mais uma criança sumira. Catalina
observou tristonha, da janela, as outras crianças brincarem lá fora.
Naquela
noite, como em todas as outras, tiveram um modesto jantar. Antes de dormir, os
pais deram um beijo de boa noite em cada um dos filhos.
O
gato do dia anterior apareceu na janela de Catalina, ela calçou os sapatos e
pôs-se a segui-lo. Chegou novamente até a porta com o chamador de leão. Bateu e
a porta se abriu sozinha.
O
interior da casa era todo iluminado por velas. Havia uma pilha de livros e uma
porção de recipientes contendo líquidos coloridos. Seu olhar percorria toda a
casa com curiosidade.
Ouviu
um miado, o gatinho pulou no colo de uma anciã, que Catalina julgou ser a
moradora da casa.
—
Olá criança! Dorina estava à sua espera. Venha brincar com seus amiguinhos!
Ciprian sempre traz criancinhas para mim! — disse a mulher acariciando o gato.
Os
olhos, que outrora exalavam curiosidade, foram tomados pelo pavor. Uma luz
brilhante envolveu Catalina, impedindo-a de enxergar qualquer coisa. Quando
finalmente a luz cessou, a menina notou que não estava mais sala de Dorina.
Adrian, Catalina e mais onze crianças estavam em uma pintura pendurada na sala
de Dorina. Catalina sentiu-se cansada, como se sua vitalidade estivesse sendo
sugada.
No
quadro havia uma pequena casa, um poço e treze idosos. Dorina ajeitou o quadro
na parede e andou em direção ao seu quarto, os encantamentos dos últimos dias a
deixaram exausta.
—
Ciprian, meu fiel amigo! Está feito! Por ora, não preciso de seus serviços.
Volte daqui a cem anos e me traga mais crianças.
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