Lanternas No Breu - Morphine Epiphany



Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Naiane e Natasja, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
Morphine Epiphany ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.



Lanternas No Breu

Morphine Epiphany


Obcecada pelos assombrosos pesadelos com lanternas desde a infância, aquele seria o primeiro Halloween na casa de Isadora com abóboras iluminadas.
Apesar de relutar, a jovem começou a gostar da ideia de ver teias de aranha, ratos, bonecos que matam. Seu namorado, Érico ansiava por essa data todos os anos e aos poucos tentava convencer a namorada.
No dia anterior, uma luz bem fraca tomou conta do quarto e pouco tempo depois desapareceu dando espaço para o abraço da escuridão. O breu havia retornado e com ele, os olhos gigantes de uma abóbora surgiram diante de Isadora. Iluminadas por lanternas.
Ela não contou para ninguém a respeito do último pesadelo. Agora estava ali, dominando a arte de enfeitar abóboras. A comemoração estava pronta. Os amigos foram surgindo aos poucos. A animação durou pelo resto da noite. Quando os convidados foram embora e os doces ou travessuras deixaram a sua marca na casa, Érico resolveu descansar mais cedo. O seu trabalho iria exigir muito no dia seguinte.
Isadora arrumou parte da bagunça da festa e se retirou para tomar banho e dormir.
Ao sair do chuveiro, ela o encontrou deitado. Parecia morto. Preocupada, Isadora tentou acordá-lo. Não houve resposta.
Os olhos feitos de lanternas surgiram em meio ao breu. Expulsavam toda a sua energia na direção de Érico. A luz enfraquecida assustou Isadora. Ela continuou tentando despertar o namorado, mas foi em vão.
A abóbora foi desaparecendo e criando a forma de um humano. Era Jack o' Lantern livre do limbo. A garota pensou em oferecer algum tipo de acordo, pensou em fugir. Apenas petrificou. Parecia ter suportado a agonia do mundo.
Érico estava morto. Jack livrara-se do limbo em busca de novas vítimas. Ele não era mais uma abóbora iluminada, era a escuridão feita de carne humana.

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