A Bruxa e a Abóbora - Meg Mendes
Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Naiane e Natasja, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
Meg Mendes ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.
A Bruxa e a Abóbora
Meg Mendes
As lendas sempre povoaram a mente
humana. Algumas servem para explicar o que não compreendemos, outras surgem
para assustar os desavisados. Seja como for, no fundo, as lendas sempre provam
ter um tanto de verdade.
Era noite de dia das bruxas e Paulo
estava com seu amigo Vicente caminhando pela cidade e zombando dos menores. As
crianças se assustavam fácil e Paulo achava graça.
— Cara, você não deveria rir. São só
criancinhas.
— Deixa de ser frouxo, Vicente. É
divertido ver a cara de medo delas.
— Só estou dizendo. — suspirou o
garoto. — Quando eu era pequeno, morria de medo da Bruxa.
— Que bruxa? Para de conversa. — Paulo
estava cético com o amigo.
Os dois caminhavam lentamente pelas
ruas da cidade.
— No velho cemitério, cara. Um dos
túmulos mais antigos, dizem que é de uma bruxa.
— Bruxa no cemitério? É solo sagrado,
esperto. E outra, bruxas não existem.
— Paulo, lá tem uma sepultura com uma
lápide sem nome, e há muitos anos
existe uma cabeça de abóbora em formato de lanterna de Halloween.
— E o que tem de errado nisso?
Vicente parou de caminhar e olhando
fixamente para o amigo e apenas completou:
— Essa num é uma lanterna,
mas uma fruta do mal que brotou ali desfigurada para proteger os que ousassem
profanar o repouso da Bruxa.
Paulo riu descontraído de seu colega. Ótima
lenda para aquele dia, ele pensou.
— Me mostra esse túmulo então.
Sem muita certeza de que gostaria de
fazer aquilo, Vicente concordou e foram juntos até o cemitério antigo que
ficava um pouco afastado.
Quando chegaram lá, foram diretamente
ao túmulo velho, sem nenhuma inscrição. Notava-se que não era cuidado e
muito menos deveria receber alguma visita. Em frente a sepultura havia uma
horrenda cabeça de abóbora com cheiro forte de podridão. Não parecia ter sido
esculpida, mas havia uma carranca nela. Tinha nascido daquela forma. Por mais
que os anos tivessem passado, a fruta estava como nova.
Vicente estava inquieto com aquilo
tudo, e tendo mostrado ao amigo o local, pediu para que fossem embora.
— Você acredita mesmo nisso?
Paulo bateu com o pé na lápide vazia e
em seguida pisou na abóbora a esmagando.
— Não faz isso seu louco! — disse
incrédulo.
— Para de ser medroso, Vicente… — retrucou
Paulo de costas para o túmulo, parando de falar ao perceber a face horrorizada
de seu amigo.
Quando Paulo virou-se tudo ficou
escuro.
Na manhã seguinte a polícia encontrou
os dois amigos com os olhos faltando. Mortos ao lado do túmulo da bruxa.
A cabeça de abóbora estava intacta.
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