Que Belos Olhos Você Tem - Meg Mendes
Que Belos Olhos Você Tem
Meg Mendes
Sempre disseram que é impossível encontrar a pessoa
perfeita em sites de relacionamento. Entretanto, ele tinha três encontros. A
noite estava apenas iniciando enquanto se arrumava para encontrá-las. Claro que
havia tomado o cuidado de marcar com cada uma delas em locais distantes o
suficiente para não ser visto e, perto o bastante para não chegar atrasado caso
houvesse algum problema em seu encontro anterior.
Olhou frente a um espelho e admirou-se pela escolha
elegante que havia feito para usar naquela noite. Buscou com os olhos os
últimos detalhes que estavam sobre a cama – um sobretudo em tom marrom escuro,
uma pequena caixa que se assemelhava a um presente, e um pano enrolado.
Andou até os objetos dispostos e tomou cuidado ao
pegar o tecido e conferir se a lâmina do bisturi estava limpa desde a última
vez que tinha usado. Nada poderia dar errado no momento em que tudo
acontecesse.
Olhou para o relógio e se encaminhou para a rua.
Eram quase sete horas da noite, e haveria tempo suficiente para que ele fosse a
pé aos pontos de encontros.
Caminhava lentamente admirado pela luz suntuosa que
a lua irradiava. As pessoas passavam correndo, gritando. Para muitos um dia de
diversão, para ele uma noite em que perseguia seus desejos ocultos. Não sabia o
motivo que o impulsionava, mas sentia que aquela era a noite perfeita do ano
para buscar saciar sua necessidade. Chegou um pouco antes do combinado. Olhou
para a uma pequena anotação que havia feito no aparelho celular, para não cometer
enganos.
Primeiro seria a vez de Alexia, uma jovem ruiva com
olhos que segundo suas anotações eram vivos e brilhantes com a cor do mel.
Aquilo o deixou ansioso por conhecê-la pessoalmente. Ela tinha estranhado o
ponto de encontro, mas como ele mostrou para ela, havia uma trilha que levava
para belos pontos de observação da lua cheia que brindava a todos naquela noite
mística. Conferiu suas coisas e a hora, e notou que tudo seguia bem até ali.
Avistou um brilho de luz se aproximando. Era o
farol de um carro. Quando o mesmo parou, percebeu então que se tratava da jovem
que ele havia marcado primeiro.
Quando ela se aproximou, ele tornou a se desculpar
pelo local onde havia marcado o encontro. Disse que ali ficava mais perto de
para onde iriam.
A jovem nada questionou, apenas sorriu
educadamente. A altivez de seu companheiro naquela noite fez com que ela
ficasse feliz de não ter sido enganada por imagens falsas da internet.
— Podemos seguir por essa trilha até o local. Verás
que a vista da lua é maravilhosa por lá.
Seguiram conversando um pouco sobre o que cada um
gostava, fazia e assim se conhecendo como duas pessoas em um primeiro encontro.
Quando chegaram ela foi a primeira a dizer o quão lindo era a vista. Ele sorriu
e confirmou dizendo que sabia que ela gostaria. Em sua mente passou apenas os
mesmos sorrisos que outras já haviam tido com ele naquela mesma região. Não se
permitiu delongar muito, pois sabia que logo chegaria o momento de estar com
outra convidada.
— Seus olhos são muito lindos — ele comentou
enquanto deixava-se absorver pelo reflexo da lua em sua íris.
— Obrigada — ela sorriu tímida em resposta.
— Sabe o que falam? — Ele deixou a frase de forma
interrogativa enquanto se aproximava ainda mais dela.
— Bem, não … — não conseguiu concluir sua frase.
— Dizem que os olhos são as janelas da alma. — Ele
simplesmente continuou enquanto a segurou firme pelos braços encarando
ferozmente seu olhar que agora expressava medo.
Ela tentou se soltar, mas a pressão que ele fazia
apertando-lhe fez com que lágrimas surgissem.
— Não, não, não. — Ele alterava sua voz entre doce
e suave. — Não estrague esses lindos olhos antes que eu os possua.
Alexia não teve tempo para reagir. Ele a derrubou
com uma rasteira precisa ficando por cima de seu corpo.
— Socorro… alguém me ajude.
— Não adianta gritar. Ninguém poderá te escutar
aqui.
Enquanto ele segurava o corpo frágil dela com uma
de suas mãos, na outra ele pegou o bisturi que carregava enrolado em um tecido
escuro guardado na lateral de seu sobretudo. Quando ela viu a lâmina em suas
mãos, seus olhos se arregalaram e verteu-se em choro.
Ele não queria perder a oportunidade e num
movimento rápido e seguro do que fazia, terminou o que havia planejado fazer.
O grito gutural da jovem logo cessou, e em poucos
instantes o silêncio e a respiração acelerada dele era tudo que se podia ouvir.
Guardou o que tanto desejava em sua pequena caixa
que havia levado e usando do próprio tecido, limpou o sangue do bisturi.
Recompondo-se, ajeitou-se e observou as horas junto de suas anotações.
— Quem será a próxima mesmo?
A noite seguiu seu fluxo calmamente com a lua de
testemunha de todos os encontros que ele havia planejado. Uma por uma, elas
caíram diante da impiedosa e voraz necessidade que ele sentia. Quando terminou,
sentiu-se satisfeito e seguindo pelo caminho que fizera no começo, voltou
calmamente para seu lar.
Exatamente no instante em que o som do relógio
anunciava a décima segunda hora da noite, ele entrou em seu quarto e ao abrir a
porta do armário um belo pote de vidro cheio de globos oculares humanos olhavam
para ele boiando numa solução de formol enquanto ele retirava da pequena caixa
que havia levado consigo outros três pares de olhos.
Tinha sido mais uma noite de Halloween em que ele alcançava o máximo de seu prazer sádico.
Conquistar belos olhos femininos para si, que sempre olhariam para ele em
reverência sem a necessidade de nenhuma palavra sequer.
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