Vingança - C. B. Kaihatsu


Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Naiane e Natasja, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
C. B. Kaihatsu ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.



Vingança

 C. B. Kaihatsu


Século XVII

Os gritos de dor de todas elas ecoavam na mente de Cassandra. Estavam todas mortas, enquanto ela era a única que havia sobrevivido, a última de sua linhagem.

Elas possuíam a marca da bruxa, mas não eram más como as pessoas do vilarejo imaginavam, pelo contrário, faziam tudo o que podiam para garantir a prosperidade do local.

Ah! Como os homens eram mal-agradecidos! Temiam sem razão o desconhecido. Foram acusadas dos maiores atos de sordidez. Contudo, eram inocentes de cada uma das acusações.

Cassandra não foi descoberta, viveu durante anos nas sombras, aterrorizada com a possibilidade de algum dia ter o mesmo destino de suas amigas. Ser submetida as mais cruéis torturas e depois arder na fogueira. O crepitar do fogo, o cheiro da carne carbonizada e os gritos. Ah! Os gritos! Eles não pareciam humanos. Cassandra não suportou olhar, no entanto, a plateia estava excitada com aquele espetáculo macabro.

Ao longo dos anos, ela foi se aprimorando, contudo seu poder ainda não havia atingido o ápice. Em seus últimos dias, jurou vingança, se não fosse nessa vida, seria em outras.

 

***

1984

Desde que nascera, Agatha tinha sempre o mesmo sonho em toda a véspera de Halloween. Mulheres envoltas em chamas se contorciam de dor, enquanto ela carregava consigo dor e vergonha.

Quando ela era criança, seus pais tentaram de tudo para descobrir a origem de tal sonho e poder ajudá-la, desde medicina tradicional até o que envolvesse o místico.

Depois de um tempo, Agatha tentou se acostumar e parou de relatar aos pais o seu pesadelo anual, deixando-os aliviados e acreditando que tudo havia terminado.

Era véspera de Halloween e Agatha havia recém-completado 17 anos. Naquela noite, ela teve uma noite de sono tranquila, contudo escutou uma voz doce e melodiosa sussurrar em seu ouvido palavras que ela desconhecia.

O dia passou sem muitas surpresas, embora ela tivesse a estranha sensação de ouvir a voz chama-la. Ao entardecer, ela pôs-se a se arrumar para uma vez de Halloween, sua fantasia para aquele ano era de bruxa.

Mirou-se no espelho e uma voz ecoou em sua mente: “Todos eles vão pagar! Finalmente chegou o dia da minha vingança!”.

Agatha tentou manter o controle, mas seu esforço foi em vão, agora existia somente Cassandra naquele corpo. Por onde a bruxa passou ela deixou um rastro de destruição, sangue e morte.

 

 

 

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