As Cinco Pinturas - C. B. Kaihatsu
As Cinco Pinturas
C. B. Kaihatsu
Elisa
era a mais velha de cinco irmãos, a menina vivia com sua família em um pequeno
vilarejo. Os pais sempre diziam para as crianças não se afastarem muito de casa
e não falarem com estranhos, a floresta escondia uma porção de perigos.
Certa
vez, Elisa avistou um gatinho cinza de pelo curto em uma árvore. O gato, que se
movia exalando elegância, desceu da árvore e foi em direção à menina que afagou
sua cabeça.
O
gato desvencilhou-se dos afagos e saiu em disparada com Elisa em seu encalço. A
menina já demonstrava sinais de cansaço quando finalmente o bichano parou de
correr.
Elisa
olhou em volta e não conseguiu precisar sua localização, nada lhe era familiar,
sua única certeza era a de estar muito longe de casa. O gato entrou na casa e sumiu
de vista. A menina titubeou por um instante, sabia que não era prudente invadir
a casa de um estranho, mas não pôde conter a curiosidade.
Os
olhos do gato eram cor âmbar e pareciam duas joias em meio à escuridão, Elisa
só teve tempo de vislumbrar uma mão acariciar o gato e ouvir uma voz estridente
dizer “A curiosidade matou o gato”.
Os
aldeões procuraram Elisa por dias, até que um deles encontrou o corpo da menina
próximo a uma velha casa abandonada, um gato cinza o observava da porta.
O
pânico se instalou no vilarejo e nos dias que se seguiram, os adultos não
deixaram as crianças saírem sozinhas. Depois de um tempo os aldeões relaxaram
suas medidas de segurança e a vida seguiu o seu curso.
Olívia,
prima de Elisa, estava colhendo flores quando avistou o mesmo gato cinzento.
Como a prima fez anteriormente, ela também acariciou o gato e depois o
perseguiu pela floresta. Na hora da morte, ela soltou um grito de pavor e
deixou as flores caírem no chão da sala.
Todos
pensaram que era muito cruel a morte visitar a mesma família duas vezes e levar
duas de suas crianças. Como da primeira vez, os adultos trancaram suas crianças
em casa, mas após algumas semanas estavam todas a brincar sem supervisão.
Dois
irmãos gêmeos, Cora e Benjamin, brincavam próximo ao rio quando avistaram o
nefasto gato que levava à morte aos que cruzavam seu caminho. Eles tiveram o
destino das outras crianças.
Os
adultos resolveram fazer uma busca, decidiram que aquilo não deveria ser obra
de outro humano e tampouco um animal, precisavam proteger suas crianças.
Algumas
das crianças queriam ajudar, mas foram proibidas pelos adultos. Otávio era uma
dessas crianças, aproveitando um minuto de desatenção de sua avó, o garoto
escapuliu e se pôs a procurar o que vitimou os seus amigos.
Em
um certo momento, como se estivesse em uma espécie de transe, o menino seguiu
um gato cinza até a entrada de uma velha casa.
Otávio
ficou aterrorizado ao olhar os quadros que decoravam as paredes, eram imagem de
crianças apavoradas, quatro delas o deixaram bastante perturbado, eram seus
amigos: Elisa, Olívia, Cora e Benjamin.
Uma
figura surgiu da escuridão fazendo o menino levar as duas mãos à boca na
tentativa de abafar um grito.
—
Eu aprisionei as almas de todas as essas crianças, logo a sua fará companhia a
elas!
A
velha bruxa segurava o gato no colo enquanto admirava com satisfação o quadro
de Otávio na parede.
—
Meu bom amigo, acho que chegou a hora de fazermos a nossa arte em outro lugar.
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