As Cinco Pinturas - C. B. Kaihatsu

 


Cinco. Cinco vogais. Cinco sentidos. Cinco amigos. Cinco escritores. Camila, Meg, Morphine, Naiane e Natasja, esse é o Clube dos Cinco. Eles se reúnem à meia-noite em volta de uma fogueira, abrem uma boa garrafa de vinho e contam histórias.
C. B. Kaihatsu ergueu sua taça e disse de modo solene: “Declaro iniciada a reunião do Clube dos Cinco. Espero que apreciem a minha história”.



As Cinco Pinturas

 C. B. Kaihatsu


Elisa era a mais velha de cinco irmãos, a menina vivia com sua família em um pequeno vilarejo. Os pais sempre diziam para as crianças não se afastarem muito de casa e não falarem com estranhos, a floresta escondia uma porção de perigos.

Certa vez, Elisa avistou um gatinho cinza de pelo curto em uma árvore. O gato, que se movia exalando elegância, desceu da árvore e foi em direção à menina que afagou sua cabeça.

O gato desvencilhou-se dos afagos e saiu em disparada com Elisa em seu encalço. A menina já demonstrava sinais de cansaço quando finalmente o bichano parou de correr.

Elisa olhou em volta e não conseguiu precisar sua localização, nada lhe era familiar, sua única certeza era a de estar muito longe de casa. O gato entrou na casa e sumiu de vista. A menina titubeou por um instante, sabia que não era prudente invadir a casa de um estranho, mas não pôde conter a curiosidade.

Os olhos do gato eram cor âmbar e pareciam duas joias em meio à escuridão, Elisa só teve tempo de vislumbrar uma mão acariciar o gato e ouvir uma voz estridente dizer “A curiosidade matou o gato”.

Os aldeões procuraram Elisa por dias, até que um deles encontrou o corpo da menina próximo a uma velha casa abandonada, um gato cinza o observava da porta.

O pânico se instalou no vilarejo e nos dias que se seguiram, os adultos não deixaram as crianças saírem sozinhas. Depois de um tempo os aldeões relaxaram suas medidas de segurança e a vida seguiu o seu curso.

Olívia, prima de Elisa, estava colhendo flores quando avistou o mesmo gato cinzento. Como a prima fez anteriormente, ela também acariciou o gato e depois o perseguiu pela floresta. Na hora da morte, ela soltou um grito de pavor e deixou as flores caírem no chão da sala.

Todos pensaram que era muito cruel a morte visitar a mesma família duas vezes e levar duas de suas crianças. Como da primeira vez, os adultos trancaram suas crianças em casa, mas após algumas semanas estavam todas a brincar sem supervisão.

Dois irmãos gêmeos, Cora e Benjamin, brincavam próximo ao rio quando avistaram o nefasto gato que levava à morte aos que cruzavam seu caminho. Eles tiveram o destino das outras crianças.

Os adultos resolveram fazer uma busca, decidiram que aquilo não deveria ser obra de outro humano e tampouco um animal, precisavam proteger suas crianças.

Algumas das crianças queriam ajudar, mas foram proibidas pelos adultos. Otávio era uma dessas crianças, aproveitando um minuto de desatenção de sua avó, o garoto escapuliu e se pôs a procurar o que vitimou os seus amigos.

Em um certo momento, como se estivesse em uma espécie de transe, o menino seguiu um gato cinza até a entrada de uma velha casa.

Otávio ficou aterrorizado ao olhar os quadros que decoravam as paredes, eram imagem de crianças apavoradas, quatro delas o deixaram bastante perturbado, eram seus amigos: Elisa, Olívia, Cora e Benjamin.

Uma figura surgiu da escuridão fazendo o menino levar as duas mãos à boca na tentativa de abafar um grito.

— Eu aprisionei as almas de todas as essas crianças, logo a sua fará companhia a elas!

A velha bruxa segurava o gato no colo enquanto admirava com satisfação o quadro de Otávio na parede.

— Meu bom amigo, acho que chegou a hora de fazermos a nossa arte em outro lugar.

 


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